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Aldactone – Espironolactona

Leitura estimada: 6 minutos

Aldactone

Desenvolvida em 1961, o Aldactone, com seu princípio ativo Espironolactona é um medicamento diurético, originalmente desenvolvido para o controle da pressão arterial e aumento excessivo de fluidos corporais devido a problemas cardíacos, renais e hepáticos, e no tratamento da ascite, é derivado sintético, da progesterona, teve seus efeitos antiandrogênicos descobertos em 1959, o que levou a sua prescrição voltada ao controle da acne e eventualmente, a supressão dos hormônios andrógenos na população transgênero.

Caracteristicamente, por atuar como anti andrógeno somente de forma secundária, é muito comum sua ação diurética ser notada em pessoas que fazem o seu uso, aumentando a frequência de micção, nos EUA devido à proibição de comercialização do Acetato de Ciproterona, se tratando do anti andrógeno padrão para a terapia hormonal afirmativa de gênero em seu território, no Brasil é disponibilizada pelo SUS como uma das opções de medicamentos do protocolo transexualizador.

Outros nomes

Outros nomes em que o medicamento pode ser encontrado no mercado são: Aldactone, Carospir, Spiroctan, Aldosterin, ou seu genérico Espironolactona.

Nome do princípio ativo – Espironolactona

Espironolactona (genérico)

Se trata da formulação genérica do medicamento, nomeada com base em seu princípio ativo, de menor custo e fornecida nas mesmas dosagens e meios de administração que o medicamento de referência, porém com menor custo e produção por diferentes laboratórios.

Classe – Diuréticos poupadores de potássio/Anti andrógenos esteroides

Os poupadores de potássio, atuam, interferindo no sistema angina-renina-aldosterona para impedir a recaptação de potássio, interferindo de forma indireta na bomba de sódio e potássio e induzindo paralelamente a excreção de líquido pelo corpo na forma de urina.

Os bloqueadores de andrógenos esteroides, são uma classe de medicamentos que previnem que hormônios androgênicos como a testosterona e a di-hidrotestosterona (DHT) se liguem ao receptor andrógeno (AR), e medirem seus efeitos biológicos no organismo. Eles atuam para impedir ou atenuar esses efeitos, utilizando diversas abordagens para alcançar esse resultado. Isso pode incluir o impedimento ou a redução da produção desses hormônios, bem como a inibição direta ou a diminuição de seus efeitos no organismo, tendo sua ação facilitada pela similaridade com os hormônios esteroides com os quais competem pelo receptor.

No caso da Espironolactona, atua primariamente de forma anti mineralocorticoide, o que permite sua ação diurética, pelo bloqueio dos receptores de aldosterona, impedindo a reabsorção de sódio e aumentando o potássio na circulação, diminuindo a pressão arterial e aumentando a diurese como consequência, secundariamente, sua ação anti androgênica é desencadeada, pela sua similaridade com a progesterona, que permite a Espironolactona, bloquear o receptor andrógeno (AR) e suprimir a testosterona, também possuindo ação de diminuir a produção de hormônios esteroides. 

Indicação

Na terapia hormonal afirmativa de gênero (THag) o Aldactone, costuma ser indicado para pessoas que buscam inibir a testosterona para facilitar os processos de obtenção de características tipicamente femininas com o auxílio de hormônios estrógenos, adequada para pessoas com pênis bloquear a ação da testosterona e DHT a fim de obter características tipicamente femininas, fora do contexto da terapia hormonal é utilizado no tratamento da acne, no tratamento de alopécia sensível a andrógenos, hirsutismo, tratamento da hipertensão arterial, hiperaldosteronismo, puberdade precoce em pessoas com pênis, seborreia e hiperandrogenismo.

Contraindicações

  O Aldactone, é contraindicado nos seguintes casos:

  • Pessoas com pressão baixa
  • Pessoas com problemas renais em especial casos crônicos
  • Pessoas que fazem uso de Inspira/Eplerenona
  • Pessoas com hipercalemia, ou seja, com excesso de potássio no organismo
  • Pessoas com insuficiência adrenal cronica
  • Pessoas com anúria (baixa produção de urina)
  • Pessoas com danos graves ao fígado como a cirrose

Riscos

Os riscos mais comuns relacionados ao uso do Aldactone são:

  • Alterações prejudiciais na bomba de sódio e potássio, o que pode levar a problemas cardíacos e renais devido ao excesso de potássio e a um quadro de acidose.
  • Em pessoas com doenças renais, pode apresentar maior toxicidade, o que pode levar a complicações.
  • Em pacientes com pressão baixa, pode causar quedas súbitas de pressão, o que pode levar a mal-estar súbito ou desmaios.
  • Em pessoas com danos graves no fígado, pode levar a complicações por acúmulo de potássio não excretado.
  • Possui o risco de causar problemas estomacais e sangramentos na região.
  • Possui interações medicamentosas com Eplerenona que podem levar a risco considerável de intoxicação.

Efeitos Adversos

Os efeitos adversos mais comuns do Aldactone são:

  • Dores no peito e ginecomastia
  • Diminuição da libido
  • Disfunção erétil
  • Tontura, náusea e mal-estar
  • Aumento da micção (poliúria)
  • Ginecomastia (crescimento das mamas)
Os mais graves
  • Tumores nas mamas
  • Distúrbios eletrolíticos com descontrole do equilíbrio entre sódio, potássio e outros eletrólitos.
  • Danos ao fígado.
  • Urticária
  • Trombocitopenia
  • Leucopenia
  • Distúrbios gastrointestinais

Fontes

  • WORLD PROFESSIONAL ASSOCIATION FOR TRANSGENDER HEALTH et al. Standards of Care for the Health of Transgender and Gender Diverse People, Version 8. International Journal of Transgender Health, Published with license by Taylor & Francis Group, LLC, v. 23, n. 1, ed. 1, p. 110-256, 15 set. 2022. DOI https://doi.org/10.1080/26895269.2022.2100644. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/26895269.2022.2100644. Acesso em: 26 jan. 2025.
  • RANDOLPH, J. F. Jr. Gender-Affirming Hormone Therapy for Transgender Females. Clinical Obstetrics and Gynecology, v. 61, n. 4, p. 705-721, dez. 2018. DOI: 10.1097/GRF.0000000000000396. Disponível em:Gender-Affirming Hormone Therapy for Transgender Females – PubMed. Acesso em: 27 jan. 2025.
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  • SÃO PAULO (SP). SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE (São Paulo, SP – Brasil). Coordenação da Área Técnica de Saúde Integral da População LGBTIA+.. Protocolo. Protocolo para o cuidado integral à saúde de pessoas trans, travestis ou com vivências de variabilidade de gênero no município de São Paulo : 2ª edição – revisada e ampliada/ 3ª versão – corrigida, São Paulo, ano 2023, v. 3, n. 2, 2023. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Protocolo-Trans_revis%203%C2%AA%20ed%202024.pdf. Acesso em: 27 jan. 2025.
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